domingo, 18 de agosto de 2013

Uma Casa com História




Foi com o pôr do sol no horizonte que chegamos à casa da terra.
Uma casa que está na família (do meu marido) há mais de 200 anos.

Quando é que uma casa velha se torna uma casa antiga ?
Atrevo-me a dizer que é quando existem memórias...

Com o falecimento dos bisavós da M. esta casa acabou por ficar para o meu sogro, o mais velho de 9 irmãos.


A sombra da figueira foi a parte da herança que eu reclamei para mim.
Esta figueira ainda jovem, foi plantada ao lado daquela que eu conheci há 20 anos atrás. A "original" caiu no dia que o bisavô da M. morreu.

Neste momento a casa está uma "mistura" entre o antigo e o renovado


A sala é agora na divisão que já foi em tempos a garagem

O desnível do chão, já estará assim há mais de 60 anos.
Tal como a grande maioria das casas da altura que ainda não sofreram remodelações profundas, não tem placa entre os pisos. Toda a estrutura é madeira.


Uma mesa de cabeceira com mais de cinquenta anos, faz "conjunto" com uma cama e uma colcha que foram novas há pouco mais de uma década noutras casas...

Na cama, lençóis do enxoval 

O fogão a lenha já há muito sem uso, espera oportunidade para viajar para a minha casa (em Palmela)




A cozinha é agora no sitio onde antes era a loja - "loja" era o nome que davam à divisão onde abrigavam os animais.
Aqui, bem no meio da cozinha, dizem os mais antigos que existia uma abertura no chão que ligava a um túnel que ia dar à igreja. 
Aquela que é agora a despensa, já foi em tempos a arrecadação dos cereais e da amêndoa.


Se para mim, a sombra da figueira é o canto ideal para as minhas linhas, a minha sogra elegeu os degraus que vão da cozinha para o quintal para crochetar.

Uma casa antiga, carregada de memórias (dos meus sogros e do meu marido em criança) que se prevê ficar na família pelo menos por mais uma geração.
Com pequenas (ou maiores) remodelações que nos vão permitindo voltar e gozar a família que por lá ainda vive e a outra que todos os anos volta para passar férias.


Eu não tenho uma "terra" para visitar, pois nasci e cresci na cidade e já sem raízes em nenhuma aldeia, mas esta "terra" e as suas gentes fazem-me sentir muito bem de cada vez que lá volto.

E vocês, têm uma "terra" para visitar?

Um Beijo
Maria



8 comentários:

  1. Olá. Aqui por casa também temos uma terra, a nossa é ao pé de Castelo Branco. Também tenho uma casa com história, mas não tem tanta história como essa. A minha casa foi construída pelo meu trisavô, e também tinha uma "loja". Se bem que lá por aqueles lados se chama forro. Adoro a minha casa, a a enorme lareira, onde via as minhas tias e a minha avó fazerem os doces de natal. Tantas memórias boas!

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  2. Maria, bem... por onde começar?!

    Adorei este post! Foi como se estivesse nessa casa lindíssima ;) Até os pormenores do desnível da porta, onde é que eu já vi isto?!

    O fogão a lenha é simplesmente lindo!

    Agora deste-me uma ideia para um post sobre a casa do meu avô, que não tem 200 anos, tem apenas uns 60/70, mas basta para mim ter sido ele a construir com as suas mãos, para ter toda a história e tantas memórias!

    Boas férias e bons crochets debaixo da figueira!

    Ah... só um aparte: na minha zona, as casas dos animais eram chamadas de ramadas!

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  3. Infelizmente, não. Também eu sou da cidade, já na terceira geração. O que de mais semelhante tenho com a sensação de "terra", é Fontanelas, um lugar próximo da Praia das Maçãs (Sintra), onde os meus pais tinham uma casa de verão alugada (até aos meus 18 anos). Ficou-me na memória como "terra", com todos os seus cheiros e sons. Hei-de um dia voltar, como quem à casa torna...

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  4. Estou aqui "babando" com as panelas de cobre, com os lençóis e a colcha de piquê(?).
    Quantas histórias e conversas estas paredes ouviram, quantos pés pisaram estas tábuas e quantos joelhinhos de bebês engatinharam nelas....
    Aproveite bastante! Descanse! Encha seus olhos com estas belezas que, depois, "escorrerão" pelos seus trabalhos.
    Um abraço!
    Egléa

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  5. Olá Maria, também gostei do post, eu tenho duas terras às quais estou ligada e uma onde vivo. Uma delas fica numa pequena aldeia do concelho de Tondela, terra natal da avó F. e do meu pai. Lá não temos casa, mas sabe me muito bem cada vez que lá vou visitar a família.
    A outra é a minha terra, Porto de Mós, a Vila Forte (assim chamada por Camões nos Lusíadas), ainda lá está a casa da avó materna, na posse de um tio. Mas infelizmente, com grandes sinais de degradação, também de lá tenho imensas memórias... A P. Mós vou frequentemente pois os meus pais também lá têm uma casa.
    E a minha atual terra, aquela que eu adotei por amor, numa ponta do Ribatejo e que eu acho lindíssima sobretudo na altura da cultura do arroz. Segundo o meu marido eu já estou mais ribatejana do que ele.
    Um beijo
    Ana Paula

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  6. Estas casas na "terra" têm sabor a recordações e cheiro a nostalgia.
    Eu cá adoro a minha.
    Gostei muito do seu blog. Passarei mais vezes.

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  7. olá Maria, eu chego aqui com um atraso fenomenal, mas como só "a" descobri há dois dias, tenho de me atualizar devagarinho. estas fotos são fantásticas, não só pelo que é possível visulaizar, mas, mais ainda pelo que é possível sentir. também a mim, o fogão a lenha, e os tachos em cobre me fizeram muito "cobiça". quanto a raízes, a "terra" eu tenho-as lá para os lados da Beira Alta, nasci na Guarda e a família paterna e materna está "sediada" numa aldeia perto de Vilar Formoso. Boa semana de março em 2014. :)

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  8. Olá Maria
    Eu então estou super, mas super atrasada.
    Eu que achava que já tinha corrido todo o seu blog, ainda não tinha passado neste post, dei com ele por causa de um outro post e estou de boca aberta, ADOREI, é lindo estas fotografias, estas memórias tudo com um valor sentimental que nada poderá destruir.
    Tantas, mas tantas memórias terá essa casa.

    Sim, eu também tenho uma terra, fica lá num cantinho do Alentejo, perto de Ourique quase ninguém conhece, mas eu ADORO ir lá e tantas memórias que tenho e me acompanham,
    Ás vezes lá tento passar uma ou outra para o meu blog, mas como a Maria deve saber nunca passamos tudo falta sempre qualquer coisa que poderíamos falar mais para dar a conhecer, mas o principal de tudo falta transpor a realidade do que revivemos, porque não há palavras por muitas que coloquemos que consigam transmitir à outra pessoa, a beleza, o barulho, os cheiros um ENFIM... Mundo de coisas, que só nós sentimos e sentiremos sempre no nosso coração.
    ADOREI tudo o que vi, tudo o que escreveu.
    Maria que Deus permita que essa casa continue a deixar recordações em muitas e mais pessoas da sua família, por muitos e mais anos.
    Beijinhos

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